domingo, 30 de outubro de 2011

TCC DE LINGUÍSTICA: PRECONCEITO LINGUÍSTICO


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E SERVIÇO SOCIAL DO BRASIL
NÚCLEO SÃO MIGUÉL DO GUAMÁ – PA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS



MARIA DE JESUS LIMA GOMES
MARIA IRACY TRINDADE DA CRUZ





A QUESTÃO SÓCIO-ECONÔMICA E SUA INFLUÊNCIA NA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DOS ALUNOS DA 5ª SÉRIE DA ESCOLA SANTA TEREZINHA EM AURORA DO PARÁ: UMA PESQUISA ETNOGRÁFICA.







São Miguél do Guamá-Pará
2010
MARIA DE JESUS LIMA GOMES
MARIA IRACY TRINDADE DA CRUZ






A QUESTÃO SÓCIO-ECONÔMICA E SUA INFLUÊNCIA NA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DOS ALUNOS DA 5ª SÉRIE DA ESCOLA SANTA TEREZINHA EM AURORA DO PARÁ: UMA PESQUISA ETNOGRÁFICA.


TCC apresentado ao Instituto de Educação Superior e Serviço Sociais do Brasil IESSB, para obtenção do título de Licenciatura Plena em Letras com Habilitação em Língua Inglesa, sob a orientação da professora Márcia Carvalho.









São Miguel do Guamá-Pará
2010
MARIA DE JESUS LIMA GOMES
MARIA IRACY TRINDADE DA CRUZ



A QUESTÃO SÓCIO-ECONÔMICA E SUA INFLUÊNCIA NA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DOS ALUNOS DA 5ª SÉRIE DA ESCOLA SANTA TEREZINHA EM AURORA DO PARÁ: UMA PESQUISA ETNOGRÁFICA.


Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Licenciado Pleno em Letras pela banca examinadora do Curso de Licenciatura Plena em Letras do Instituto de Educação Superior e Serviço Social do Brasil – IESSB.


São Miguel do Guamá, 17 de julho de 2010




BANCA EXAMINADORA

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A Deus por nos ter  concedido oportunidade e saúde para chegarmos ao fim deste longo trabalho.
A nossa família pelo apoio e pele compreensão de nossas ausências durante nossos estudos.
 Aos nossos colegas que muito contribuíram aos nossos conhecimentos.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho.
AGRADECIMENTOS

Aos  nossos pais,
A vocês devemos tudo que somos hoje. Nos ensinamentos da vida, foram mestres.Em nossa caminhada, ensinaram-nos a agir com dignidade, hosnetidade e respeito.
Neste instante gostaríamos de parar e agradecer:
-       Os passos apoiados na infância;
-       Os conselhos proferidos na adolescência;
-       Os ensinamentos de toda a vida;
Nosso muitíssimo obrigado, que Deus os abençoe e proteja.

Ao esposo e namorado,
Agradecemos pela compreensão e colaboração para que chegássemos ao final da luta. Nossa ausência, nossa impaciência, nosso individualismo, quando o dever e os estudos nos chamaram. Tão importante quanto agradecer é compartilhar esse momento raro de nossas vidas com vocês que muito amamos.

Aos mestres,
Queremos agradecer, a todos os nossos mestres, pois ser mestre não é transmitir matéria, ser mestre é ser humano, amigo, guia e companheiro, é caminhar com o aluno, passo a passo. Nosso carinho e gratidão aos mestres que souberam, além de transmitir-nos sua experiência, apoiar-nos em nossas dificuldades.
Em especial, à nossa mestra professora Socorro Pinheiro, que é um exemplo de dedicação, de doação, de dignidade pessoal e sobre tudo de amor.

Aos colegas,
Que durante esses quase cinco anos compartilhamos sorrisos, lágrimas, sonhos, e decepções. Os que aqui chegaram que ergam o diploma e digam: “VENCEMOS”.
Durante esse tempo fomos chamados a questionar nossa “ética profissional”, a enfrentar os dissabores da vida, mas tenhamos certeza de uma coisa: Os momentos como estes jamais se repetirão...






















Haverá “liberdade” quando se entender que uma língua histórica não é um sistema homogêneo e unitário, mas um diassistema, que abarca diversas realidades diatópicas ( isto é, a diversidade de dialetos regionais), diastráticas ( isto é, a diversidade de nível social) e diafásicas ( isto é, a diversidade de estilos de língua),
Bagno
IN MEMORY


 As colegas,

Aniely e Angela nossas eternas  e carinhosas saudades...

Aos familiares...

Genivaldo Lima Gomes,
Maria Lima, e
Virginio Teixeira nossos eternos sentimentos, saudades e agradecimentos...














RESUMO

As diferenças sócio-econômicas na sociedade têm gerado exclusão àquelas pessoas menos favorecidas. E uma dessas exclusões é o preconceito presente nas instituições escolares principalmente na escola municipal Santa Terezinha de Aurora do Pará. O Preconceito Linguístico Sócio-econômico é a discriminação aquelas pessoas  desprovida de prestígio social que foge a um modelo padrão da linguagem pré estabelecida pela Gramática Normativa. Devido a esta discriminação observada na escola Santa Terezinha procurou-se investigar se a variante sócio-econômica interfere na linguagem dos alunos da referida escola. Para isso far-se-á uma pesquisa etnográfica e aplicar-se-á questionários para os alunos e professores dessa escola com o intuito de verificar se há interferência da variante sócio-econômica no contexto escolar.  Observa-se dia-a-dia que a escola transforma a forma de falar e escrever das pessoas. Por outro lado, ela continua repassando as ideologias dominantes. A escola acaba incutindo regras, padrões no falar e no escrever. Dessa forma compreendemos a importância de combater o preconceito linguístico no ambiente escolar, para que todos os alunos possam participar dos processos interacionais comunicativos e ter voz na sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Preconceito, exclusão, linguagem, variação e sócio-econômico.










SUMÁRIO


RESUMO---------------------------------------------------------------------------------------------07
INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------09
I - ABORDAGEM HISTÓRICA: EVOLUÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL-----------------------------------------------------------------------------------------------12
1.1  - O que é Preconceito e o que se entende por Preconceito?--------------------------------13
1.2 - Preconceito Linguístico nas Escolas---------------------------------------------------------15

II - FATOR SÓCIO-ECONÔMICO NO BRASIL E SUAS INFLUÊNCIAS---------16
2.1 - Gramática Normativa X Língua Materna: Um Caminho para o Preconceito----------18
2.2 - E a Escola o que Ensina?----------------------------------------------------------------------19
2.3 - A Formação do Educador---------------------------------------------------------------------21
III - ASPECTO SÓCIO-ECONÔMICO NO PROCESSO EDUCACIONAL NA ESCOLA MUNICIPAL SANTA TEREZINHA MUNICÍPIO DE AURORA DO PARÁ--------------------------------------------------------------------------------------------------22
3.1 – Família,  aluno,  escola  e  educador no Ensino Aprendizagem-------------------------24
3.2 – O Sóciointeracionismo em sala de aula: A Solução--------------------------------------25
CONTEXTUALIZANDO O LÓCUS DA PESQUISA--------------------------------------27
4.1 – Analisando os Diversos Olhares da Pesquisa----------------------------------------------29
CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------------------------------39
REFERÊNCIAS-------------------------------------------------------------------------------------40
ANEXOS----------------------------------------------------------------------------------------------41




INTRODUÇÃO

Como se pode observar, somos uma nação caracterizada pela diversidade e a miscigenação, fruto de um momento histórico, que mudou a nossa forma de nos comunicar, apesar dessa heterogeneidade linguística que historicamente é compreensível, observa-se que há grande preconceito linguístico na sociedade. Para tanto estruturou-se um trabalho que estabelece parâmetros de entendimento sobre este preconceito percebido especialmente nas instituições escolares e a necessidade de interação social entre alunos-professores, alunos-alunos e com todos que fazem parte do processo educacional.
O problema do preconceito linguístico observado em instituição escolar, mais precisamente na Escola Santa Terezinha e a postura dos docentes em relação a esse preconceito instigou-nos a uma reflexão acerca dessa problemática.
Uma das variantes linguística mais evidenciada na Escola Municipal Santa Terezinha é a sócio-econômica, e é preocupante a posição da escola e dos professores frente essas diferenças linguística. A criança que faz parte de uma família com condições financeiras precárias tem mais tendência de falar de formas “truncadas” e fragmentadas, isso não quer dizer que as pessoas de classe média e alta falem 100% de acordo com a norma padrão, mas a realidade das crianças carentes é mais óbvia e estão mais expostas as variantes linguísticas sócio-econômicas. É o que comenta BAGNO ( 1999, pg.28 ).

-O português não-padrão é a língua da grande maioria pobre e dos analfabetos do nosso povo, [...]. É também, consequentemente, a língua das crianças pobres e carentes que frequentam as escolas públicas. Por ser utilizado por pessoas de classes sociais desprestigiadas, marginalizadas, oprimidas pela terrível injustiça social que impera no brasil- país que tem a pior distribuição da riqueza nacional em todo mundo-, o PNP é vítima dos mesmos preconceitos que pesam sobre essas pessoas. Ele é considerado “feio”, “deficiente”, “pobre”, “errado”, “rude”, “tosco”, “estropiado”.
        Esse mesmo pensamento em relação à situação sócio – econômica é defendido por outra autora cinco anos depois, a qual enfatiza a pobreza um dos fatores que contribui na formação da linguagem da criança, e que essas diferenças no modo de falar gera discriminação e preconceito, BORTONI RICARDO ( 2004: p.34 ).
No Brasil de hoje, os falares de maior prestígio são justamente os usados nas regiões economicamente mais ricas. (...) são fatores históricos, políticos e econômico que conferem o prestígio a certos dialetos ou variedades regionais e, consequentemente, alimentam rejeição e preconceito em relação a outros.

Pode-se perceber que o preconceito linguístico sócio-econômico segundo BAGNO e Bortoni Ricardo é um fator social. As pessoas falam de acordo com sua comunidade linguística e isso é percebida em diferentes grupos específicos seja de uma profissão; os advogados, professores, médicos ou de uma classe etária; crianças, adultos e jovens, e ainda por dialetos regionais. Assim, cabe a escola interagir essas variantes linguísticas para que se amplie a visão de mundo do educando e para que o aluno saiba adequar a sua linguagem a diferentes grupos sociais. Nota-se que isso é evidenciado nos PCNs (1997, p.32).

As instituições sociais fazem diferentes usos da linguagem oral: um cientista, um político, um religioso, um feirante, um repórter, um radialista, enfim todos aqueles que tomam a palavra par falar em voz alta, utilizam diferentes registros em razão das também diferentes instâncias nas quais essa prática se realiza.
Cabe a escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas situações comunicativas, especialmente nas mais formais.

             A escola Santa Terezinha localiza-se na comunidade Ipitinga, município de Aurora do Pará e a maioria dos alunos são oriundos de lugares ainda mais afastados da comunidade. Durantes dois anos consecutivos observou-se que a turma da 5ª série começa o ano letivo com aproximadamente 50 a 60 alunos e metade ou pouco mais da metade chegam ao final do ano  aprovados, é alarmante o número de evasão e repetência nesta série, observou-se ainda que os docentes não estão muitos preocupados em descobrir o fator primordial responsável pela evasão e repetência.
Com a intenção de verificar como a escola e os docentes trabalham as variantes linguística, faremos uma pesquisa focada nos discentes a fim de averiguar o grau de entendimento das linguagens docentes e o respeito entre as linguagens maternas dos alunos. E investigar ainda se o aspecto sócio-econômico e a variação linguística dele resultante é um dos fatores que interferem no ensino aprendizagem e que levam muitos alunos a evasão identificada na escola Santa Terezinha.
Valorizar a língua materna é evitar a discriminação entre as variantes linguística presente na escola, e proporcionar reflexão acerca do problema para que a escola não seja um local de exclusão social. Mas que seja acima de tudo um lugar de transformações positivas para a criança, como afirma BAGNO (1999 p.18,19):

É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições estejam voltadas para a educação e a cultura abandonem esse mito da “unidade” do português e passem a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso país para planejarem suas politícas de ação junto a população amplamente marginalizada dos falantes das variedades não-padrão. O reconhecimento da existência de muitas normas linguísticas diferêntes é fundamental para que o ensino em nossas escolas seja consequênte com o fato comprovado de que a norma linguística ensinada na sala de aula é, em muitas situações, uma verdadeira “língua estrangeira” para o aluno que chega a escola proveniente de ambientes sociais onde a norma linguística  empregada no quotidiano é uma variedade de português não-padrão.

De acordo com as variações dialetais e de registros percebe-se que a língua é uma realidade heterogênea variável, pois varia, sobretudo, de acordo com as referências extralinguísticas dos falantes e isso é percebida claramente na escola, principalmente no que diz respeito às variantes sócio-econômica, que levam muitos alunos a não dominar a norma não-padrão e a falar de maneira diferente dos outros alunos, sendo motivo muitas vezes de discriminação entre seus colegas de classe.
Apresentar aqui algumas causas e informações de como se dá o preconceito linguístico e a importância de conhecer as variantes linguística para não excluir o aluno da escola são metas para subsidiar o trabalho do docente e esclarecer que não cabe apenas o argumento de se trabalhar apenas com a norma culta, mas respeitar e valorizar o conhecimento que a criança traz de casa. Entretanto sabemos que as desigualdades sociais e culturais são imensas e interferem de forma negativa ao acesso às escolas, e muitas vezes as escolas na sua maioria não estão preparadas para acolher as crianças e suas diversidades, é o que diz BAGNO (2001, p.29):

Os professores, administradores escolares e psicólogos educacionais tratam o aluno pobre como se fosse “deficiente”, como se não falasse língua nenhuma, como sua bagagem linguística fosse “rudimentar”, refletindo consequentemente uma “inferioridade” mental.

Ora, o preconceito linguístico é um tema que vem sendo foco de estudos nos últimos tempos, em trabalhos acadêmico, palestras, artigos e revistas, mas pouco tem sido feito um trabalho realmente voltado para e educação escolar, e pensando nessas carências didático-pedagógica que faremos um trabalho especialmente voltado para a variante linguística sócio-econômica e sua influência  no contexto escolar, valorizando acima de tudo a linguagem que a criança  aprendeu em casa com a família, amigos e parentes, e espera-se de alguma forma contribuir com a diminuição da evasão escolar na turma de 5ª série.          



1 – ABORDAGEM HISTÓRICA: EVOLUÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL.
Antes da colonização portuguesa no Brasil a língua falada pelos nativos da região brasileira era a dos indígenas, depois de descobrimento do Brasil em 1500 começa a modificar o cenário linguístico, houve a impossição da Língua Portuguesa de Portugal, e com isso o Brasil passa a se comunicar através de duas línguas, a tupi graças aos padres jesuitas que estudaram e a difundiram e a Língua Portuguesa de Portugual, ainda neste momento de descoberta chega ao Brasil os negros africanos na época da escravidão. E posteriormente aumenta o fluxo de imigrantes na metrópole devido a exploração do ouro e do diamante e com isso a  língua indígena começa ser suplantada pela Língua Portuguesa, e em 17 de agosto de 1959, através de um decreto o Marquês de Pombal, torna-se a Língua Portuguesa oficial do Brasil, e proíbe o uso da língua geral, a dos indígenas, nestas condições a ascenção da Língua Portuguesa em prejuíso da lingua local, a dos indígenas, certamente cria-se um preconceito, é o que diz BORTONI RICARDO (2004: p.34 ).

Quando um falar, isto é, um dialeto ou variedade regional, é alçado à condição de língua nacional em virtude de um processo sócio-histórico, ele adiquire maior prestígio em detrimento dos demais. (...) esses juízos de valor são ideologicamente motivados e geram preconceitos que devemos combater.

Mas apesar de todos esses problemas a Língua Portuguesa tem sua evolução natural que sofre toda língua no decorrer do tempo. As mudanças, porém ocorreram de maneira distinta em Portugal e no Brasil. Paul Teyssier (1982: p.15), em Histoire de la langue portugaise, afirma que no final do século XVIII, “o brasileiro já aparece no teatro português como um personagem com peculiaridades em sua fala”. Um exemplo que ele apresenta é a generalização do uso da forma de tratamento que até hoje se mantém no Brasil, mas que em Portugal era empregada apenas familiarmente: o “você”, redução de “voismicê”, que por sua vez deriva de “vossa mercê”. Além disso, quando Marquês de Pombal decretou a obrigatoriedade do uso do português no Brasil, os falantes brasileiros já haviam incorporados diversas palavras de origem indígena e africana em seu vocabulário.
Percebe-se com isso que os africanos e os indígenas deixaram um riquíssimo legado cultural, na culinária e principalmente nas linguagens, e essa miscegenação com certeza mudaria para sempre a maneira de falar do povo brasileiro, e isso é comentado no livro “Português ou Brasileiro, um convite a pesquisa” de BAGNO (2004: p.44).

Depois que o navegador português Vasco da Gama descobriu (...) o caminho para as índias, o mundo nunca mais seria o mesmo – o mundo em geral e, mais particularmente, o mundo da língua portuguesa.
E após a Independência do Brasil, essa mistura linguística continuou. O tráfico de escravos diminuiu, muitos índios se miscigenaram e novos imigrantes europeus, como os alemães e italianos, chegaram ao país. O contato do português brasileiro com outras línguas foi um dos príncipais fatores que gerou as diversas variedades linguísticas regionais existente hoje no brasil. É o que afirma BAGNO (2004 p: 18):

...no Brasil não se fala uma só língua. Existe mais de duzentas línguas ainda falada em diversos pontos do país pelos sobreviventes das antigas nações índigenas. Além disso, muitas comunidades de imigrantes estrangeiros mantêm viva a língua de seus ancestrais; coreanos, japoneses, alemães, italianos.

E desse modo pode-se dizer que a língua Portuguesa vem se aculturando ao longo dos tempos. Dinamizando sua fala nas mais diversas situações sociais e regionais. Apesar das distinções entre a fala de Portugal e a do Brasil, há uma grande proximidade com a estrutura gramatical européia. E o brasileiro acaba assim incorporando empréstimos de termos não só das línguas indígenas e africanas, mas do francês, do espanhol, do italiano entre outras. Convém, no entanto salientar que com a globalização as comunidades linguísticas brasileiras ficam ainda mais expostas às influências de outras línguas.

1.1 - O QUE É PRECONCEITO E O QUE SE ENTENDE POR PRECONCEI
TO.
( Fonte: www.mundoeducação.com.br/.../preconceitos.htm )
Uma das principais manifestações de discriminação é o preconceito racial. “Entende-se por preconceito toda manisfestação discriminatória a pessoas ou tradições diferentes ou estranhas”. São conceitos formados com base em julgamento próprios com tom depreciativo. Define-se também como preconceito um julgamento prévio negativo a outros seres, como o próprio nome diz, é um pré-conceito uma opinião antecipada, sem contar com informação suficiente para poder emitir um julgamento verdadeiro, na verdade são opinões individuais.
Apesar de a discriminação racial ser uma das principais manifestações de preconceito, não é o único em nossa sociedade, existe em nosso meio vários tipos de preconceitos entre os quais os mais evidenciados são raça, sexo e classe social. Não se pode rotular alguém como; feio, pobre, aleijado, negro ou gay, discriminando e colocando a margem da sociedade. Devemos, no entanto respeitar as diferenças e incluí-lo em nosso meio, pois são seres humanos que merecem respeito, apoio e sofrem com a discriminação. De acordo com CURY ( 2007, p.101 ):

Nunca valorizem um defeito físico de alguém ou um comportamento de alguém que vocês achem estranho. Valorizem suas qualidades e respeitem as diferenças, jamis coloquem apelidos que discriminam as pessoas. Mesmo em tom de brincadeira, não copiem os programas de humor que debocham das características dos outros para fazer a platéia rir.

Lidar com as diferenças é uma das maiores dificuldades do ser humano. Ao se descobrir a diversidade, em muitas ocasiões, manifesta-se a tensão, a intolerança e principalmente, o preconceito, que se define como uma postura negativa, sem fundamentos, para com as diferenças manifestadas nas várias dimensões da vida humana. Uma forma de preconceito particularmente sutíl é a que se volta contra a identidade linguística do indivíduo e que mesmo sendo ultimamente muito combatido, no Brasil, por estudiosos linguísticos e sóciolinguísticos ainda é percebido com muita frequência na sociedade, inclusive na escola, principalmente por professores que desconhecem ou mesmo não se importam com as diferenças linguísticas do aluno e conceituam sua fala como erro, é o que BORTONI RICARDO aborda em “Educação em língua materna, a Sociolinguística em sala de aula” (2004:p.36 ).

 Até hoje, os professores não sabe muito bem como agir diante dos chamados “erros de português”. Estamos colocando a expressão “erro de português” entre aspas porque a consideramos inadequada e preconceituosa. Erros de português são simplismente diferenças entre variedades da língua.
Vários teóricos buscam esclarecer suas causas para não gerar discriminação e exclusão, e este é nosso foco de pesquisa. Verificar se o aspecto sócio econômico influência nas variações linguísticas na instituição escolar.
1.2 – PRECONCEITO LINGUÍSTICO NAS ESCOLAS.

( Fonte: 1383983.pdf – Adode Reader Acrobat – Document ; São Paulo, 2008 )

Existe hoje dentro das escolas um grande preconceito linguístico por parte dos alunos e professores para com aqueles que utilizam outras variedades linguísticas que fogem da norma padrão, como se a língua fosse homogênea e existisse uma regra geral para falar com todos os grupos e classes sociais.
O preconceito linguístico é um tema o qual está longe de ser abolido em comparação a outros preconceitos existentes (raça, sexo...), por serem preconceitos que estão mais visíveis, os quais há campanha para combatê-los. O preconceito linguístico, é um preconceito contra os falantes que usam uma linguagem que não é padrão, a imposta gramática normativa, como se existisse uma única forma da língua oral.
Há dois tipos de variedades linguísticas: os dialetos que são em função das pessoas que utilizam a língua e referem-se às variações regionais, sociais, etarias e profissionais e a variedades de registros que se baseiam nos momentos e nos lugares onde o interlocutor e o usuário da língua estão envolvidos, ninguém vai falar com uma criança da mesma maneira que falará com um adulto ou com uma autoridade. Escolhemos formas certas de se expressar de acordo com o ouvinte e a situação, é o que chamamos de adequeção linguística ou ainda competência linguística. É o que a autora BORTONI RICARDO comenta ( 2004,p.73 ):
...o falante não só aplica as regras para obter setenças bem formadas, mas também faz uso de normas de adequação definidas em sua cultura. São essas normas que lhe dizem quando e como monitorar seu estilo. Em situações que exijam mais formalidade, porque está diante de um interlocutor desconhecido ou que mereça grande consideração, ou porque o assunto exige tratamento formal.
Observa-se que não há um molde para falar, é compreensível a diversidade linguística em nosso meio e a língua não pode jamais ser homogênea, faz-se necessário compreendermos que não há regras específicas para falarmos e que em relação as comunidades linguísticas não existe uma melhor ou pior, existe diferenças no falar entre os grupos sociais, é o que comenta BAGNO ( 1999,p.51 ):
É preciso abandonar essa ânsia de tentar atribuir a um único local ou a uma única comunidade de falantes o “melhor” ou “pior” português e passar a respeitar igualmente todas as variedades da língua, que constitui um tesouro precioso de nossa cultura. Todas elas têm seu valor, são veículos pleno e perfeitos de comunicação e de relação entre as pessoas que as falam.
O que Bagno sugere é o respeito entre todas as comunidades linguísticas. Até porque não é na escola que a criança aprende a falar, é algo que ela assimila antes da idade escolar, na realidade o que se observa com essa ideia de “erro” é tentarmos igualar fala e escrita que são duas situações completamente diferentes. Se formos analisar a língua oral como conteúdo escolar teríamos que fazer uma análise minuciosa da mesma e levar em consideração vários fatores, como enunciação, grupo social e a faixa etária entre os interlocutores. Na verdade, é preciso que a escola compreenda que fala e escrita são completamente diferentes.
2 – FATOR SÓCIO-ECONÔMICO NO BRASIL E SUAS INFLUÊNCIAS.    
Acompanhando as transformações sócio-econômicas na qual a sociedade vem passando percebe-se que isso vem ocorrendo de forma desigual, gerando uma grande maioria empobrecida e uma maioria privilegiada, rica. Isto é consequência de um processo histórico que marginalizou o panorama político brasileiro desde o processo da colonização apartir do domínio europeu.
Na história da colonização do Brasil pode-se constatar que as etnias indígenas e negra foram subordinadas aos interesses e valores dos europeus, FREIRE ( 1992, p.230 ):
...o índio, o colono e o negro no início da colonização brasileira, para favorecer o enriquecimento da Coroa Portuguesa e depois o da própria Compania de Jesus que para aqui tinha vindo com a missão oficial de “instruir e catequizar o índio” foi tão eficiente que a classe dominante tomou-se para si como um dos mecanismos capazes de reproduzir a sociedade dos poucos que sabem e podem e dos muitos que permanecem excluídos e proibidos de ser, saber e poder.
Diante dessa situação os trabalhadores indígenas e os trabalhadores negros não podiam esperar muita coisa dos patrões. O povo vivia em miséria, sem saúde, habitação e principalmente a educação. Tinham uma jornada de trabalho intensa sem intervalos para descanço. Desde o início as divisões de classe sempre favoreceram e serviram para separar os que tinham dinheiro dos que não tinham.
Aos poucos a divisão do trabalho tornou-se ainda mais complexa, houve a necessidade da mão-de-obra para se trabalhar nas fábricas na época do início da industrialização, que se iniciou primeiramente na Inglaterra e depois no Brasil. As pessoas passam a receber pequenos salários com jornada de trabalho de dez, doze e até quatorze horas de trabalho por dia de segunda a sábado, não tinham direito a férias e nem aposentadorias. As crianças trabalhavam duro, em vez de brincar e estudar, as crianças pobres trabalhavam em fábricas em situações lamentáveis.
A educação era prioridade das classes mais favorecidas, a grande maioria não tinha acesso a livros, não sabiam ler e o processo de escolarização se deu muito lento e gradativo as camadas populares.
O que vimos até agora é que vivemos uma história de educação marcada pela exclusão. Temos nos referido ao povo de maneira genérica, sobretudo considerando o segmento de baixa renda, mas a exclusão é muito mais extensa, além dos pobres as sociedades excluem aqueles considerados inferiores; os deficientes, os imigrantes, os negros, os índios, bem como aqueles que abandonam a escola cedo para ajudar no sustento da família. Esses grupos cuja história tem sido com frequência silenciada, constituem o que chamamos de minorias, por estarem destituídos do poder, sem voz ativa, diminuindo sua cidadania.
Ser cidadão é ser livre para fazer escolhas em uma sociedade que se diz “democráticas”, onde percebemos de forma desigual a distribuição de renda, contribuindo para o aumento de pobres, miseráveis, drogados, marginais, desempregados, analfabetos e principalmente alheios a uma educação de qualidades. Vivem-se ainda hoje trágicas consequências do período colonial que marcou a estrutura sócio-econômica em nosso país e contribuiu para as  desigualdades sociais, segundo BAGNO ( 1992 p.232 ):
Uma organização social como a nossa, colonial mesmo após a Autonomia Política ( 1822 ) e ainda hoje guardadando traços marcantes de uma sociedade colonial, que, portanto, vem se fazendo, historicamente, com valores, comportamentos, normas, hierarquias e preconceitos pautados pela discriminação, pelo autoritarismo e pelo elitismo, haverá que se fundar nas proibições e nas interdições.
Estas puderam, assim, determinar que o analfabetismo brasileiro recaísse nas camadas mais desvalorizadas socialmente, desde o início da nossa história até os dias de hoje.

Desse modo é preciso reconhecer que nem toda população dos países ditos democráticos é constituida por cidadãos plenos, pois estes não usufluem dos bens de direitos oferecidos pela sociedade dita democrática. A economia brasileira tem caracteristicamente um perfil concentrador que se agrava cada vez mais. Todo e qualquer país, a partir do crescimento da sua atividade produtiva deveria buscar as condições para fazer uma distribuição justa na sociedade.

2.1 – GRAMÁTICA NORMATIVA X LÍNGUA MATERNA: UM CAMINHO PARA UM PRECONCEITO.

Uma questão importante para o ensino da língua materna é a maneira como o professor ver a linguagem e a língua, pois o modo que se recebe a natureza fundamental da língua altera em muito e estrutura o trabalho com a língua em termos de ensino.  A concepção da linguagem é tão importante quanto à postura que se tem relativamente à educação. Normalmente tem-se levantado três possibilidades distintas de conceber a linguagem, dos quais apresentamos a seguir os pontos fundamentais e mais pertinentes para o nosso objetivo.
A primeira concepção vê a linguagem como expressão do pensamento, a segunda concepção como instrumento de comunicação e a terceira concepção vê como forma ou processo de interação. A linguagem como instrumento de comunicação é viabilizada a priori pela família sendo internalizada pela criança em seu contexto social.
A linguagem é, pois um lugar de interação humana, de interação pessoas de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutor em dada situação de comunicação em um contexto sócio-histórico e ideológico. Dessa forma a criança aprende a falar da forma que escuta em convívio com a família, assim pode-se perceber que as crianças que convivem com pessoas com poucos recursos financeiros tem mais tendência a falar “errado” a dominar uma linguagem informal, e ao chegar à escola irão interagir com outras crianças que poderão ou não ter a mesma linguagem que a sua, com isso poderá ocorrer certa discriminação entre os alunos que tem linguagem aproximada da linguagem padrão.
Para uma criança, a escola é quase sempre o primeiro espaço de afronta, do desafio, de não se sentir aceito. Por maior que seja a dedicação e os cuidados da equipe docente, há sob sua guarda muitos alunos e a equipe não pode, e até mesma não deve, passar a cada um o sentimento de exclusividade presente na família.
A criança com dificuldade de aprendizagem vai para a escola socializar-se, e claro aprender. Uma dessas finalidades jamais deve se sobrepuser a outra, pois ambas são essenciais, até mesmo porque socializar-se é uma questão de aprendizado. Cabe a escola, especificamente ao professor trabalhar as diversidades da linguagem em sala. O fator sócio-econômico tem interferido muito no desenvovimento dos alunos de baixa renda, há muita diferença no desenvolvimento daqueles alunos que vivem em situações mais privilegiadas aos demais.
A educação é um instrumento que vem favorecer mudanças e crescimento na vida das pessoas e muitas vezes um novo padrão de vida. Estar na escola pode ou não resolver os problemas das pessoas, da sociedade, do mundo, mas é um caminho onde muitos podem contar ou escrever sua história, mas estas mudanças na vida da criança dependem de quem media a aprendizagem, para isso o educador deverá levar em consideração o conhecimento que a criança trás de casa ao entrar na escola, valorizando sua linguagem e sua identidade. BORTONI Ricardo ( 2004 p.78 ) comenta:
A tarefa educativa da escola, em relação a língua materna, é justamente criar condições para que o educando desenvolva sua compentência comunicativa e possa usar, com segurança, os recursos comunicativos que forem necessários para desempenhar-se bem nos contextos sociais em que interage.

De acordo com a Bortini Ricardo valorizar a língua materna, é viablizar condições de aprendizagem para que o aluno possa perceber que sua linguagem não é “errada”, mas diferente, e não é em toda situação que esta linguagem trazida de casa será aceita, deverá, no entanto aprimorar essa linguagem para que as portas da sociedade não se fechem para ela.
 2.2 -  E A ESCOLA O QUE ENSINA?

De acordo com LDB ( Lei de Diretrizes e Bases da Educação ), os conteúdos curriculares devem ser de base nacional comum, mas, essa igualdade não podem ser seguida da forma rígida, pois cada lugar é diferente de outros, desse modo é necessário que cada instituição adeque e diversifique os conteúdos escolares afim de que supra as necessidades de cada região. É o que fica claro em LDB ( 1996, p. 171, Art.26º ):
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.              
Os conteúdos curriculares também são elaborados a partir dos Parâmetros Currículares Nacionais, porém  muitas vezes esses conteúdos estão desvinculados  da realidade dos alunos, porém é necessário que a grade currícular esteja de acordo com as necessidades dos mesmos. O livro didático é um recurso que tanto professores quanto alunos têm acesso, mas são produzidos dentro de realidades muito distantes a dos alunos, e infelizmente são os livros reprodutores de normas gramaticais fortalecendo o preconceito linguístico.
Devido a escola trabalhar com uma classe heterogênea, faz-se necessário flexibilizar o currículo para ajudar as diferentes populações que frequentam a escola, considerada como instituição democrática que deve garantir a todos o direito ao bem social que a educação escolar constitui. Flexibilizar conteúdos não significa a simplificação ou redução de exigência dos níveis de aprendizagem, deve-se adequar os conteúdos a realidade dos discentes para que se possa contribuir para a educação de qualidade. Porém, são raros os professores que trabalham nessa linha, é o que relata HUBERTO ROHDEN ( 2005, p.91 ):
...o maior dos males é este: não temos educadores que possuam suficiente experiência própria para poderem servir de diretores aos outros. Não basta ter lido ou ouvido a verdade; não basta professar teorias certas sobre a verdade. Quem não viveu e sofreu e saboreou a verdade, em toda a sua plenitude, amplitude e profundidade, esse não pode ser educador eficiente, porque não é suficientemente educado.
O que o autor enfatiza é que para flexibilização dos conteúdos o professor teria que ter conhecimento e prática a fim de saber que o curriculo escolar deve ser de acordo com o Conselho Nacional de Educação e com os PCNs, com Bases Nacionais Comuns (BNC), mas isso não significa que sejam executados como uma receita pronta, acabada e única, mas que sejam analizados e repassados para os alunos com certa flexibilidade, de forma a atender a clientela como um todo.
Infelizmente percebe-se que apesar de sabermos que as instituições escolares têm essa liberdade de flexibilizar os conteúdos curriculares à realidade dos alunos. Observa-se com isso que a maioria das escolas ainda estão muito atrelada as normas educacionais comuns, e não levam em consideração o conhecimento que a criança já domina antes de entrar na escola.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 5.692 de 11 de agosto de 1982, revogada pela Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 em seu 1º artigo que refere-se  a profissionalização, estabelece:
Proporcionar ao educando a formação necessária para o desenvolvimento de suas potêncialidades como elemento de auto-realização, preparação para o trabalho e para o exercício  consciente da cidadania.
Entretanto, da forma como está organizado o sistema escolar, ele não oferece condições para que o educando alcance este objetivo. Dessa forma a escola precisa rever a sua função e reconhecer onde está inserida para que possa de fato produzir atores competentes e capazes de mudar a situação em que o País se encontra, enfatizando todos os objetivos, tanto os específicos como os gerais, como finalidade. Nesse sentido será uma agente de transformação e não apenas um reprodutor da sociedade que aí se encontra.
 
2.3 - A FORMAÇÃO DO EDUCADOR.
As novas experiências para uma escola diferente devem buscar alternativas na linha de um ensino mais participativo, em que o professor compartilhe suas experiências e valorize as experiências dos alunos. O professor é sem dúvida o fator de maior importância na qualidade da educação.
Para tanto é importantíssimo que as instituições de ensino e o governo priorizem a formação e a capacitação dos professores. Normalmente os professores ensinam o que eles aprendem, e não podemos esquecer que os conteúdos, as linguagens e até mesmo os problemas matemáticos são dinâmicos, a educação de modo geral muda, então o que se aprendeu a dois anos atrás pode não ter mais fundamento e valor prático hoje. Assim o profissional de educação deve estar constantemente lendo, revendo os conteúdos e aprimorando seus conhecimentos.                                                                                                                                                        
Não basta apenas repassar os conteúdos como se fossem receitas ou manuais de instruções, pois a criança não é mais uma página de papel em branco, não vem sem conhecimento para a escola, por isso o professor precisa ser muito mais que um simples e mero professor, ele deve ser amigo a favor da decência e conceber os alunos como pessoas que estão construindo sua identidade. Deverá ainda, o professor, ser pesquisador, indagando e buscando novos caminhos para ajudar com mais eficácia o desenvolvimento das competências cognitivas, afetivas e sócio- culturais de seus educandos.
Assim o professor não pode ver sua formação como suficiente, deve estar disposto a filiar-se ao regime de formação continuada como diz FREIRE ( 1996, p.85 )“como professor devo saber que sem a minha curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.”
Hoje todo professor tem que ter formação específica na área que atua, no entanto, acredita-se que todo educador deveria ter formação pedagógica.  A Pedagogia é fundamental nas descobertas das dificuldades no ensino e aprendizagem, além de ser ferramenta primordial na resolução dessas dificuldades, é o que comenta HUBERTO ROHDEN ( 2005 p.88 ):
...o educador não pode nem deve transmitir ao educando todas as grandes verdades sobre a natureza humana – mas o certo é que ele mesmo deve possuir pleno conhecimento e profunda experiência das bases metafísicas e místicas da pedagogia educacional.

Observa-se, que é de suma importância a formação pedagógica do professor, e há recentemente uma preocupação por parte do governo em qualificar o profissional da educação, , um exemplo disso é o programa da Plataforma Freire criado para a capacitação dos professores, mas esse ainda é um longo caminho a ser percorrido, contudo já é um grande avanço na educação brasileira.
3 – ASPECTO SÓCIO-ECONÔMICO NO PROCESSO EDUCACIO
NAL NA ESCOLA MUNICIPAL SANTA TEREZINHA MUNICÍPIO DE AURORA DO PARÁ.
O atual contexto sócio-econômico é marcado por intensos processos de mudanças econômica, tanto no mundo como no país, caracterizando-se pelo crescimento no setor financeiro ( globalização ) e pela implementação de sofisticado processos tecnológicos nas empresas e em algumas escolas. Estes processos estão marcados por forte concentração de renda tanto no nível mundial como local, ao mesmo tempo em que se intensificam as diferenças e contradições na sociedade. Ou seja, não apenas os que já são mais pobres ficam mais pobres, como aumenta a pobreza no mundo.
A educação deve ser um instrumento que possibilite a emancipação social do ser humano, capacitando sua vida para a vivência coletiva e a conquista da dignidade. Contudo à medida que a sociedade cresce, há aumento, também, nas desigualdades no contexto escolar. Dentre os principais problemas encontrados na escola destaca-se: a formação iniciais dos alunos através de classe multisseriada, a falta e as péssimas condições de transporte escolar, a longa distancia percorrida pelos alunos até a escola, e o principal que ocasiona talvez os outros é o aspécto sócio-econômico.
As formas de expressão socialmente prestigiadas das pessoas consideradas superiores na escala sócioeconômica opõem-se aos falares das pessoas que não desfrutam de prestígios social e econômico; ocorrem em contexto mais formais, mas elitizados, entre interlocutores que se transformam em modelos e pontos de referência do bem falar e escrever.
Porém, os alunos da Escola Municipal Santa Terezinha de Aurora do Pará, são de famílias de baixa renda, trabalham na roça pela parte da manhã e a tarde caminham para a escola, saem de suas casas entre 10h00min h e 11h00min h da manhã e muitos deles só conseguem retornar a suas casas as 20h00min h. Nestas condições fica quase inviável ter um desenvolvimento pleno  e de qualidade. Esta realidade não é geral na escola, isso só ocorre nas turmas da tarde com os alunos que utilizam o transporte escolar, pois a maioria vem de localidades ainda mais afastadas da comunidade onde não é oferecido o ensino de 5ª a 8ª séries.  Apenas o ensino de 1º ano à 4ª série, enquanto que os alunos do turno da manhã e da noite são da própria comunidade e não enfrentam essa situação.
É comum encontrar escolas multisseriadas, com apenas uma sala, menos de quarenta alunos e um mestre na arte de educar, de passar conteúdos diferentes sem misturá-los e nem confundir o aprendizado dos alunos. Os problemas que envolvem o multisseriado vão desde a falta de material didático em casa e na sala de aula, até a dificuldade de explicar para diferentes séries ao mesmo tempo. Esta é uma questão muito delicada e deve envolver a participação de todos aqueles que compõem a educação para tentar resolver essa deficiência no Processo Educacional do Brasil. Os professores que trabalham com classes muitisseriadas são os verdadeiros mestres, convivem com o maior desafio no ensino e aprendizagem sem desmotivarem-se
Outra triste realidade desses alunos é a dificuldade que enfrentam para chegar à escola. Utilizam o transporte escolar, que estão em sua maioria sem condições, quebrados, sem segurança, motorista sem carteira de habilitação e trafegam por estrada de chão ( toda emburacada ) colocando a vida desses alunos em perigo.
Uma das piores situações é a questão sócio-econômica. Os alunos são filhos de famílias carentes, que trabalham para o sustento da família e contam com a renda extra da bolsa família como complementação da renda familiar gerada pela agricultura de subsistência. Essa é a realidade de escolas rurais em particular a Escola Municipal Santa Terezinha interior de Aurora do Pará.
A criança que provém de famílias prestigiadas socialmente tem mais oportunidades, estudam em escolas particulares, tem boa alimentação, e sua linguagem difere das linguagens das crianças carentes, no entanto a escola deve respeitar suas diferenças linguísticas e favorecer a estes alunos o direito de conhecer outras variedades linguísticas de maior prestígio social, para que possam usufluir dos diversos processos comunicativos e não se sintam discriminados e a margem da sociedade.
3.1 – FAMÍLIA,  ALUNO,  ESCOLA  E  EDUCADOR NO ENSINO E APRENDIZAGEM.
A educação deve ser um instrumento que possibilite a emancipação social do ser humano, capacitando sua vida para a vivência coletiva e a conquista da dignidade. A responsabilidade da escola é preparar o aluno para uma visão ordenada do universo, onde o educando possa encontrar seu lugar no mundo. No entanto a escola, hoje, não pode viver isolada, achando que todos cumprem o seu papel. A escola é o espaço problematizador, criador e mediador. Ela deve estar mais próxima da família, a fim de estabelecer parcerias, dividindo responsabilidades.
Sabe-se, porém que a realidade das famílias dos alunos da Escola Municipal Santa Terezinha é de baixo poder aquisitivo, os pais trabalham o dia todo na agricultura, não tem estudo e nem tempo para ajudar na tarefa escolar dos filhos. A escola acaba assumindo a responsabilidade de educar a criança sozinha.
O ideal é que estas duas instituições: Família e Escola, trabalhem paralelamente na formação do aluno, haja visto que é compromisso de ambas. A família continua sendo a mola mestra da sociedade. É nela que se formam cidadãos comprometidos com a sociedade ou não. Não que a família seja a solução de todos os problemas, mas educa a criança em seu aspecto social e principalmente o moral. Segundo ARRUDA ARANHA ( 2006, p. 96):
A família é uma instância importante no processo de socialização, bem como no desenvolvimento da subjetividade autônoma, ensinando informalmente o que as crianças devem fazer, dizer ou pensar.                              
Assim, família e escola devem ser parceiras na construção de valores e de uma sociedade humanizada, mas normalmente o que acontece é que as maiorias das famílias não trabalham horizontalmente com as escolas. Dessa forma o que deveria ser um trabalho agradável, uma troca de conhecimento, professores e alunos passa a ser estranho um para o outro dentro de um mesmo processo.
São muitas as dificuldades em que as escolas enfrentam no ensino e aprendizagem, faltam recursos didáticos, informatização nas escolas, professores qualificados e mal remunerados, faltam metodologias inovadoras e profissionais compromissados com a educação. Vivemos a era da informatização, hoje já se fala em livro digital e as maiorias das escolas ainda estão na mesmice do quadro negro e giz, como diz FREIRE da “Educação bancária”, o professor fala e o aluno só escuta. Culpa dos professores? Em hipótese alguma, do sistema que não investe na educação do interior.
Ultimamente vivem-se nas escolas da zona rural momentos de incertezas, de desânimo, falta de estímulos, consequência talvez de uma elevada transformação no setor tecnológico. As crianças se veem mais atraídas por jogos, orkut, msn, pesquisas online, e as escolas não dispõem desses recursos. Faltam mais investimentos no setor educacional para que os alunos se sintam motivados. Enquanto essas ferramentas não chegam às instituições escolares interioranas cabe ao professor fazer malabarismos para diversificar suas aulas, fazendo didâmicas, propondo pesquisas bibliográficas, de campo, levando-os aos centros urbanos e fazendo reuniões com os pais a fim de despertar interesses comuns no ensino e aprendizagem.
Neste contexto a família deve assumir também seu compromisso na educação de seus filhos, participar mais, e cobrar também mais da escola os objetivos propostos pela ins tituição. Os pais dos alunos da Escola Municipal Santa Terezinha, em sua maioria não participam do ensino e aprendizagem de seus filhos, e essa é uma realidade da maioria das escolas no Brasil, porém essa situação precisa mudar, pois é a família responsável pela primeira educação da criança.
3.2 – O SÓCIOINTERACIONISMO EM SALA DE AULA: A SOLUÇÃO.
De acordo com tudo o que foi estudado até aqui se observa que a linguagem é adquirida em convívio com a família, e pela interação com estes, que acriança aprende a falar antes mesmo de entrar para a escola. Dessa forma não se deve cobrar do aluno uma fala de acordo com a norma padrão, até mesmo porque a escrita não pode ser uma representação fiel da fala, a fala e a língua são duas entidades diferentes. A escrita se ensina, porém a fala é adquirida, é ouvindo as pessoas adultas a falarem que a criança vai assimilando a sua linguagem. É o que relata ARRUDA ARANHA ( 2006,p.94 ):
...a educação informal caracteriza-se por não ser intencional ou organizada, mas casual e empirica, exercida apartir das vivências, de modo espontâneo. O comportamento da criança vai sendo modelado por meio de repetição; depois ela interioriza a expressão ou o gestos aprendido, que se torna normas de comportamento.
É o que a sociolinguística procura demonstrar, que a linguagem se constrói dentro de contextos situacionais. Dessa forma não existe um modelo único de fala. Ao analizarmos qualquer entidade linguística percebemos a existência das diversidades ou da variação, ou seja cada grupo social é caracterizado por formas de falar diferentes. Percebem-se isso em grupos de jovens, adultos, crianças, ou em grupos mais específicos como os de profissões que tem uma linguagem particular, sem se falar do linguajar de cada região, o sotaque ou léxico diferenciado. A sociolinguística dar ênfase a importância social da linguagem, desde os pequenos grupos aos maiores, respeitando as diferenças, e percebendo as diversidades linguística como um fator que enriquece e identifica as pessoas. Segundo CECÍLIA MOLLICA  ( 2008,p.13 ):
Entre os fatores socias,  as categorias mais atuantes parecem ser idade, sexo, nível sócio-econômico e formação escolar . Outros fatores sociais que se tem revelado importante em alguns fenômenos variáveis são a posição do falante no mercado de trabalho...
O grande problema é como lidar com essa heterogeneidade linguística em sala, o que fazer para não envergonhar os alunos pertos dos outros? Não é nada fácil trabalhar as diferenças linguística, mesmo porque muitas vezes se trabalha com turmas imensas, mas, é necessário que o professor conscientize a turma que cada variante tem uma explicação, algo que a determina.
É imprescendível que o professor trabalhe as variantes sociais, esclarecendo que as discrimação entre classe é um problema histórico. Não se pode negar que as pessoas que tem mais prestígio social dominam uma linguagem mais formal, e as que são mais humildes tem muita dificuldade de falar de acordo com a língua padrão. E essa diferença gera preconceito contra aqueles que não dominam a lingua padrão. É o que diz BAGNO ( 2004,p.15 ):
...os alunos que chegam à escola falando “nós chegamu”, “abrido” e “ele drome”, por exemplo, têm que ser respeitados e ser valorizadoas as suas peculiaridades linguítico-culturais, mas tem o direito inalienável de aprender as variantes de prestígio dessas expressões. Não lhes pode negar esse conhecimento, sob pena de se fecharem para eles as portas, já estreitas, da ascenção social.
Segundo o autor valorizar a língua materna não se trata de quebra de valores normativos, nem tão pouco aceitar a linguagem que a criança já tráz de casa em todos os processos comunicativos, mas dar continuidade a educação recebida pelos pais, edificando e reativando valores.
Percebe-se com isso que o papel do professor é fazer do espaço escolar um ambiente prazeroso de interação entre os alunos, buscando o respeito e a solidariedade no ensino e aprendizagem. Fazendo compreender que é necessário o domínio da norma padrão e que toda variedade linguística tem uma explicação histórica ou social e devemos conhecer e respeitar  para não discriminar as diferenças.                                                                                                                                                                                                                                                                                                     
CONTEXTUALIZANDO O LÓCUS DA PESQUISA
O domínio da língua é um instrumento de poder, quem fala bem tem o poder da palavra, de contribuir e transformar a sociedade. O desenvolvimento da fala se contrói desde muito cedo devido à convivência com a família. Nesse início a aprendizagem se processa de forma assistemática e internalizada. Em contato com a educação sistemática esse aprendizado vai se adequando as normas gramaticas necessárias para a convivência social. É notável que de imediato haja estranhamento com o novo, é neste contexto que a escola assume papel importantíssimo na valorização da cultura dos alunos.
Nossa pesquisa de campo realizou-se na escola Santa Terezinha comunidade Ipitinga município Aurora do Pará a 63 km da cidade. Funciona com um total de 17 funcionários: sendo 08 professores, 06 serventes, 1 diretor, 1 Orientador, 1 Pedagogo e 2 auxiliares. Funciona nos três períodos: manhã com 123 alunos, a tarde com 168 e noite funciona uma turma da EJA ( 4ª ETAPA ) com 23 alunos. A Escola ainda disponibiliza de 3  turmas do Sistema Modular de Ensino.
Conforme a figura a seguir:


Fonte 2010

O prédio escolar é de alvenaria e está distribuída em 6 salas, sendo que 1 funciona em uma sala anexa do posto de saúde, 1 secretaria, 1 copa, e 2 banheiros, a quadra de esporte está em contrução. A instituição é uma espécie de escola pólo e administra 07 escolas anexas. Os recursos materiais que a escola dispõe são: carteiras, estantes, mimeográfo, cadeiras, mesas, televisão, aparelho DVD, panelas, prosdócimo e um computador para uso de trabalhos da escola. Apesar de possuir aparelho DVD, não dispõe de videoteca própria, precisando recorrer aos profesores ou outras instituições para alocar fitas que serão assistidas pelos alunos.
Esse trabalho de conclusão de curso foi desenvolvido através de abordagem quantitativa, pesquisa bibliográfica e de campo. Inicialmente foram feitas leituras de teóricos que abordam a questão sóciolinguística e o fenômeno da variação. Posteriormente elaborou-se questionários que foram aplicados em dois momentos, primeiro destinamos 5 perguntas para 5 professores, todos do sexo feminino, com faixa etária entre 25 à 45 anos, quatro desses professores são formados em pedagogia e a outra tem apenas o Magistério. Entre as perguntas direcionadas para os docentes 3 estavam relacionadas com a língua e a escrita, 1 com a postura dele frente es diferenças na fala e a última fazendo reflexões entre a educação de uma escola pública e particular.
Outro momento da pesquisa foi aplicado um questionário de 5 perguntas para 10 alunos da 5ª série envolvendo particularmente as variantes sócio-econômicas em sala. De que forma essas variantes interfere no ensino e aprendizagem? E como são trabalhadas pelos professores e encaradas pelos colegas que dominam uma linguagem mais aproximada a da padrão? Os alunos tem entre 14 à 17 anos, três são do sexo masculino e duas do sexo feminino. Dentre essas perguntas 2 foi relacionada sobre o preconceito linguístico na escola, 2 sobre as variantes sócio-econômico e 1 levantava questionamentos sobre  as diferenças linguísticas.
Iniciamos o estudo das coletas dos dados, observando as informações contidas nos questionários que foram sintetizadas da seguinte forma: Leituras das informações por questões propositadas das categorias da análise, organização das respostas por categorias, agrupando as respostas semelhantes por categorias e tratamento estatístico com a construção de gráficos.
4.1 – ANALIZANDO OS DIVERSOS OLHARES DA PESQUISA
Categoria Docente
GRÁFICO 1: Fala e escrita
1ª) Quais das palavras a seguir você já escutou algum aluno pronunciar ?
(  ) Trabaio    (  ) côve      (  ) Ouvido     (  ) Pobrema

Fonte 2010

Conforme a observação dos dados na tabela acima, 60% dos entrevistados relataram que já escutaram os alunos pronunciarem as palavras “trabaio” e “pobrema”, 20% escutaram “côve” e 20% a palavra “ouvidu” com mais frequência. Observamos com isso que os alunos fazem confusão entre fala e escrita, porque as palavras “côve” e “ouvidu” segundo os professores entrevistados são características da oralidade, já as diferenças linguística com as palavras “trabaio” e “pobrema” acontece tanto na oralidade quanto na escrita. É o que Bagno diz: “- É muito comum a gente se deixar levar pela forma escrita e cobrar que as pessoas falem o mais próximo possível do jeito que se escreve...”. Diz ainda que a troca do “r” pelo “l” em muitos casos trata-se “de uma dificuldade física fonológica”, porém quando se trata das pessoas das classes menos favorecida, dos falantes das variedades não-padrão, em muitos casos trata-se “a uma questão que não é linguística, mas social e política”.
GRÁFICO 2: Competência Linguística
2ª) De que maneira você procedeu ao ver uma pessoa pronunciar dessa forma essas palavras: trabaio, côve, ouvidu e pobrema? Explique.

Fonte: 2010

Percebe-se que 80% dos entrevistados corrigem os alunos automaticamente quando  falam “errado”, e isso os deixa constrangidos, apenas 20% falaram que sutilmente pronunciam as palavras de forma correta para que os alunos possam perceber que a fala e a escrita são entidades diferentes uma da outra.
Segundo Bagno “Ninguém comete erros ao falar sua própria língua materna”, isso se explica pelo fato que a língua não é aprendida, mas adquirida. O que deve ser ensinado é que:  de acordo com cada falante e a situação comunicativa muda-se a forma de se comunicar.


GRÁFICO 3: Educação Pública e Educação Particular
3ª) Você acha que a educação de uma escola particular é diferente de uma pública ? Em quais aspectos?
Fonte: 2010

Observou-se que entre os educadores entrevistados 80% apontam que  a educação da escola particular é melhor que uma pública, tem mais materiais didáticos e os professores são mais valorizados em termos de salários. Enquanto que 20% dos entrevistados disseram  que  não é que a educação seja melhor, é que os professores são mais cobrados e as normas são mais rigorosas, dessa forma os professores tem mais compromisso com a educação. Segundo a Bortoni Ricardo “as diferenças de status socioeconômico representam desigualdades na distribuição de bens materiais e culturais”. Dessa forma é compreensível a qualidade da educação nas instituições particulares, as pessoas das classes privilegiadas estão mais em contato com várias informações no dia-a-dia, livros, televisão, internet, revistas, etc.








GRÁFICO 4: A escrita é a representação fiel da fala ?
4ª) O texto a seguir apresenta alguns erros na escrita. Leia e depois faça uma análise argumentando porque isso ocorre frequentemente.
Juãozinhu, garotu ispertu, começou logu cedu a ganhar dinheiru. Vendia docis na porta du colégiu, mas não estudava, criou coragem e comprô um caderninhu, e já no dia seguinti tratô di pedir pra mãe que o matriculasse na escola.
Fonte 2010


Pode-se observar que o gráfico mostra que 60% dos professores entrevistados acreditam que esses erros ortográficos acontecem devidos os alunos escreverem da mesma forma que falam, outros 40% dos entrevistados relacionam esses erros com a falta de estudos, e apontam para aqueles alunos que ainda não estão bem escolarizados.
Bortoni Ricardo afirma que os falares de maiores prestígios são justamente os que estão em regiões econômicamente mais ricas, e consequentemante “alimentam preconceitos e rejeição em relação a outros”. Além dos fatores sócio-econômicos que interferem nas variantes linguísticas dos alunos, foi percebido que os professores ainda não estão preparados para combater o preconceito linguístico na escola, porque não tem conhecimento sobre o que é realmente preconceito linguístico.





GRÁFICO 5: Língua x Fala
5ª) Na sua opinião os alunos fazem confusão entre a escrita e a fala, porque para eles não há diferença entre as duas ? E para você a escrita e a fala é a mesma coisa?

Fonte: 2010

Os dados coletados evidenciam no gráfico que 70% dos professores entrevistados afirmaram que os alunos têm dificuldade com a escrita de algumas palavras, querendo escrever da mesma forma que pronunciam, entretanto 20% acreditam que os alunos escrevem de qualquer forma porque são mal alfabetizados ou falam como escutam outras pessoas falarem. E 10% dos professores disseram que há diferença entre a escrita e a fala, que a escrita não pode ser uma representação da fala, é que às vezes os alunos fazem confusão. Um exemplo disso é a escrita de algumas palavras com “e”, mas a pronúncia sai com “i”.
  E de acordo com Bagno “Existe múltiplas variedades de língua falada, também existe múltiplas variedades de língua escrita”. Fala-se de diversas formas, de acordo com o falante, o contexto, a região, a escolaridade, o sexo, a idade e a profissão. Assim como, não se escreve uma carta da mesma maneira que se escreve uma reportagem ou uma receita.





Categoria dos discentes
GRÁFICO 1: Fala-se errado ou Diferente?
1ª) Na escola alguém já disse que você fala “errado” ou diferente das outras crianças da sua idade ? Em que situação isso ocorreu (na hora do lanche, na hora da aula, de brincadeiras)? O que falaram para você?

Fonte: 2010

Com base nos dados do gráfico 80% dos alunos entrevistados já foram surpreendidos por alguém pela sua forma de pronunciar algumas palavras. Desse total 50% disseram que isso ocorreu na hora do lanche e nas brincadeiras, e 50% disseram que aconteceu em sala de aula. E de acordo com o gráfico apenas 20% nunca foram corrigidos em sua maneira de falar.
De acordo com a Bortoni Ricardo o domínio da linguagem do lar  para a linguagem do espaço escolar há uma diferença muito grande, mesmo porque há o predomínio de uma cultura oral em detrimento da escrita, e isso traz certos desconfortos para a criança quando esta percebe que não se pode escrever como se fala, e que muitas vezes a linguagem adquirida desde cedo não é a mesma linguagem da escola.





GRÁFICO 2: Correção gera constrangimento
2ª) Seu professor ( a ) já corrigiu sua maneira de falar na frente de seus colegas ? Como se sentiu (constrangido, com vergonha do seu modo de falar ou você nem ligou porque acha normal como você fala?
Fonte: 2010
Os dados coletados evidenciam que 80% dos alunos já foram corrigidos ao pronunciar alguma palavra “errada”, e todos esses alunos se sentiram muito constrangidos, pois essa situação aconteceu na frente dos seus colegas. Um aluno comentou indigando por ter sido confrontado pelo seu professor ao falar uma gíria “ bagulho” em sala de aula, e este relatou que “ não existe gíria que ofenda alguém”. Outra aluna passou por situação bem parecida, falou dentro da sala de aula a palavra “buchuda” para uma pessoa que está grávida a professora a repreendeu, fazendo-a ficar constrangida, na fala da aluna: “ fez eu pagar um mico”. Em todas essas situações não houve iniciativa da professora em trabalhar as diversidades linguísticas no ambiente escolar, contribuindo assim para reforçar o preconceito linguístico. No entanto 20% disseram que nunca foram corrigidos por seu professor na frente de seus colegas.
 Segundo Bagno em se tratando de língua não se erra quando se fala, “só se pode qualificar de erro aquilo que compromete a comunicação entre os interlocutores”. Se um falante ao se comunicar passar a informação que deseja, embora cometa algum desvio da norma padrão, não podemos considerar “erro”. Assim devem-se respeitar as diversidades linguísticas do aluno, e mostrar que não existe uma única forma de falar, porém tem situações em que é necessário usar linguagens dentro dos padrões gramaticais. E de acordo com Bagno a escola precisa criar condições para que o aluno desenvolva suas potencialidades, não apontando “erros”, mas trabalhando as diferenças linguísticas em sala.

GRÁFICO 3: Diversidades linguísticas e suas influências na linguagem
3ª) Quais são as palavras que com maior frequência  as pessoas dizem que você fala “errado”? Se há palavras quais são?
Fonte: 2010

De acordo com o gráfico percebe-se que 60% dos alunos falam com mais frequência as palavras “pobrema” e “trabaio”, 20% costumam falar outras palavras como “arriba”, “indentro”, “ingreja”, “nós vevi”, “avexado”, “buchuda” e “bagulho”. E 20% afirmam que nunca houve correção.
Observa-se que as diferenças linguísticas ocorridas entre os entrevistados foram diferenças ocasionada pelo fator econômico e pelo fator etário. Houve alunos que se sentiram muitos envergonhados quando sofreram discriminações por parte dos professores, por usarem gírias dentro da sala.
GRÁFICO 4: Fator sócio-econômico
4ª) Na sua opinião uma criança de família rica fala mais “certo” que uma criança de família pobre ? Caso afirmativo porque você acha que isso ocorre? Justifique sua resposta.
Fonte: 2010
Percebe-se que 80% dos alunos afirmaram que as crianças de famílias ricas falam melhor que as crianças de famílias menos favorecidas, porque estas crianças estão mais informadas que as outras têm mais acesso a livros, jornais, revistas, computador e outros. Enquanto que 20% dos alunos acreditam que o fato de serem pobres não é motivo para falarem “errado”. Porém é evidente que o status socioeconômico, o nível de escolarização são concerteza atributos que facilitam a uma linguagem mais adequada. Segundo Mollica e Braga os falares das classes socialmente prestigiadas opõem aos falares daqueles que não se aproximam da norna padrão. A fala acaba sendo uma marca de inferioridade.
GRÁFICO 5: Diferenças Linguísticas na Escola
            5ª) Seu professor (a) já trabalhou as diferenças linguística em classe? De que forma isso contribuiu?
Fonte: 2010

Pode-se observar que 100% dos entrevistados falaram que seus professores nunca trabalharam as diferenças linguísticas em sala. Um aluno inclusive falou que “gostaria muito que os professores falassem dessas diferenças”. De acordo com Bortoni Ricardo a escola é um espaço onde se deveria trabalhar com a heterogeneidade linguísticas por se lidar com muitas pessoas ao mesmo tempo e por ser mais evidentes e diversas no âmbito escolar.
Os alunos percebem a importancia de serem trabalhadas as diferenças linguísticas na escola para diminuir o preconceito entre os alunos e até mesmo entre os professores. A falta desse trabalho na escola tem levado muitos alunos a ficarem desmotivados, os professores precisam conhecer as diversidades linguísticas afim que possam contribuir para o acesso e permanencia dos alunos na escola.
Esse trabalho nos proporcionou elaborar algumas reflexões acerca das variantes linguísticas, em termos de entendimento e preocupação por parte dos docentes frente as diversidades linguísticas em nosso meio. Observa-se que os professores ainda não estão preparados para lidar com as diferenças linguísticas em sala e que corrigir um aluno no ato do seu “erro” é fato bem normal. Quanto aos discentes não entendem direito a diferença em sua fala e na maioria justificam com sua pobreza.
Os alunos não têm clareza entre as diferenças entre fala e escrita, e isso deve ser trabalhado para que eles não se sintam discriminados, mas para que essa situação aconteça são necessários que os educadores percebam também essas diferenças.
Os dados coletados evidenciam a necessidade que os alunos têm de conhecer sobre as variantes linguísticas para melhorar a comunicação e o entendimento entre as diversidades, e principalmente o respeito com o outro.
De acordo com as coletas dos dados observou-se também na fala dos alunos as variantes econômicas e as gírias. E para alguns alunos sua fala é muito natural, não percebem que há diferença entre fala e escrita, e que cada situação comunicativa exige uma forma específica de falar.

















CONSIDERAÇÕES FINAIS
  
            O principal objetivo deste trabalho foi  verificar de que forma o fator sócio-econômico interfere na linguagem dos alunos da Escola Municipal Santa Terezinha, município de Aurora do Pará.
Durante dois anos consecutivos observou-se que os alunos da referida escola tinham muita dificuldade em se comunicar. O número de evasão e repetência nesta série era alarmante. Percebia-se que muitos alunos tinham vergonha de falar e dessa forma tornando difícil avaliar o seu desempenho escolar. Com base neste diagnóstico, percebeu-se a necessidade de fazermos um trabalho voltado para as linguagens desses alunos.
No decorrer dessa pesquisa observou-se que as diferenças linguística presente no contexto escolar e principalmente as sócio-econômicas são realmente fatores que geram o preconceito linguístico na escola. Os alunos falam muitas palavras “erradas”consequentemente são vítimas de preconceito pelos alunos e professores na escola.
Percebemos assim, a importância de se trabalhar o preconceito linguístico na escola, a fim de proporcionar conhecimento aos discentes e docentes, e estes venham com o tempo compreender e valorizar as diversidades linguísticas do falante. Acreditamos que todas as pessoas que compõe a escola deva conhecer o que é preconceito linguístico para respeitar as diferenças  e o respeito entre os alunos, professores, diretor, supervisor, pedagogo e com todo o corpo da escola. Para isso propomos que a instituição Santa Terezinha faça uma análise acerca dessa problemática para depois começar a combater o preconceito linguístico na escola, porque só pode combater o que se conhece.
Sugerimos que a escola trabalhe com textos, músicas, palestras e as próprias linguagens dos alunos relacionando com todas as variantes linguísticas, as de classe econômica, etária, de profissão, de sexo, as regionais, enfim com todas as diversidades  linguísticas, para que alunos possam conhecer para valorizar e respeitar as diferenças. Dessa forma acreditamos que o preconceito linguístico diminua na escola Santa Terezinha.
Esperamos que esse trabalho venha proporcionar melhorias na escola e que  os alunos da 5ª série da Escola Municipal Santa Terezinha tenham futuramente mais domínio da fala e diminuam o número de evasão e repetência. E que os professores percebam que as crianças ao entrarem na escola já sabem falar, e que fala e escrita são dois processos diferentes. A fala é naturalmente adquirida e a escrita é ensinada.
Dessa forma a criança que provém de famílias menos favorecidas, detém falas estigmatizadas e as formas normalmente prestigiadas são daquelas pessoas que desfrutam do poder social e econômico, que estão mais em contato com a informatização. É dentro desse contexto que a escola deve contribuir para adequar a linguagem e a escrita dessas crianças para que estas não sofram com o preconceito linguístico e passam a ter o direito de conhecer outras variantes linguístico de prestígios para que participe mais da sociedade.




















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: O que é,   como se faz. Edições Loyola, São Paulo, 1999.
BAGNO, Marcos: A Língua de Eulália, São Paulo: Contexto, 1997.
BORTONI RICARDO, Stella Maris, Educação em Língua Materna – “ A sóciolinguística em Sala de Aula, parábola, São Paulo, 20006.
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HOHDEN, Huberto: Novos Rumos para a Educação: - São Paulo: Ed. et, 2005.
M0LLICA, Maria Cecília, BRAGA, Maria Luíza: Introdução à Sociolinguística: O tratamento da Variação- 3. Ed., 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto 2008.
SAVIANE, Dermeval, 1944 – A nova lei da educação: tragetória, limites e perspectivas – 10. Ed – Campinas, SP: Autores associados, 2006. – (coleção educação contemporânea)
TEYSSIER, Paul. Historie de la Langue Portugaise, trad. Port. De Celso Cunha, História da Língua Portuguesa, 4ª ed. Lisboa, Sá da Costa, 1990 (1982).







3 comentários:

  1. Parabéns pelo excelente trabalho!
    Estou realizando o meu TCC também sobre este tema e, o seu trabalho tem me ajudado muito.

    Sucesso pra vc!!

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  2. Que bom que este trabalho tem contribuído com você, postei exatamente com esse objetivo de ajudar estudantes, professores e futuros professores. Obrigada

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  3. A excelência deste trabalho, e de sua autora, nos faz olhar melhor a vida, este mundo é feito de gente linda, perfeita, adorei minha querida, vc é um orgulho pra todos nós, exemplo dignificante. Obrigado.

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